Após pedir exoneração no cargo que ocupava na prefeitura de Guarujá, Thiago Felipe de Souza Avanci, 39 anos, cometeu suicídio após matar a própria mãe com um tiro de calibre 38. Além da mãe, o ex-secretário matou envenenado o cachorro da casa.
O ex-secretário municipal atuava na prefeitura de Guarujá à frente da pasta de Modernização e Transformação Digital, desde junho de 2024.
Segundo nota da prefeitura, Thiago ingressou na Administração Municipal em julho de 2019, como assessor na Secretaria de Coordenação Governamental (Segov), função exercida até janeiro de 2021 e logo após, no mesmo mês, foi nomeado assessor de Assuntos Estratégicos.
Em julho de 2021 foi designado como assessor da Emurg (Empresa de Urbanização de Guarujá), órgão pertencente ao Município, onde permaneceu até abril deste ano e, em seguida, nomeado como secretário adjunto de Coordenação Governamental e Assuntos Estratégicos. Em junho foi exonerado, quando assumiu a Secretaria de Modernização e Transformação Digital (Semod).
Thiago permaneceu na Semod até terça-feira (17), quando Avanci pediu exoneração do cargo. O pedido de dispensa do cargo público foi realizado no mesmo dia em que a Polícia Civil fez buscas e apreensões em sua casa, após denúncia contra ele.
Vida acadêmica e pública
Nas redes sociais, o advogado e ex-servidor público compartilhava diversos momentos profissionais e pessoais para seus seguidores. Em sua última publicação no LinkedIn, uma semana atrás, ele compartilhava conteúdos exibidos em suas aulas no programa de pós-graduação em Direito, na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Em sua página, Thiago gostava de reproduzir informações e conhecimentos que envolvessem a utilização da inteligência artificial para o exercício do direito, e também como ferramenta do judiciário. Ele escreveu um livro que trata sobre a relação de direito e tecnologia.
A lista de graduações de Thiago ainda mostram que ele era mestre em direito ambiental pela Universidade Católica de Santos, especialista em gestão pública municipal pela Unifesp e foi presidente da comissão de direitos da criança e do adolescente da OAB Guarujá, entre 2014 e 2015.
Outras publicações de Thiago mostram ele com alunos, colegas de trabalhos e mentores intelectuais. O registro em eventos, congressos e workshops eram comuns entre ele e seus seguidores. Como torcedor do Palmeiras, ele também compartilhou diversas vezes a satisfação com as conquistas recentes do clube.
Relação com TEA e família
Em uma publicação no LinkedIN, em abril deste ano, Thiago fala sobre o sobrinho que se enquadra no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Na postagem ele diz que possui “experiência pessoal com um familiar próximo que se enquadra no Transtorno do Espectro Autista (TEA)”. Na sequência, ele relata que “no último ano, passei por momentos difíceis (obrigado aos amigos que me apoiaram) com este familiar amado, cujas aflições são intensificadas pelo TEA”. De acordo com a apuração da CNN, o sobrinho estaria sendo vítima de abusos sexuais exatamente neste período. Veja.
Em outra publicações, Thiago Avanci aparece em vários momentos com a mãe, Sueli Nastri, que também era sócia de Thiago, em um escritório de advocacia que atua há mais de 30 anos no litoral de São Paulo.
Sueli foi assassinada pelo filho com um tiro na cabeça, disparado a partir de um revolver calibre 38. O Boletim de Ocorrência do caso descreveu que o irmão, Carlos Maurício de Souza Avanci, recebeu um vídeo de Thiago e a mãe. No material eles aparecem falando sobre tirar a própria vida.
No último dia das mães, Thiago parabeniza a mãe, sócia, companheira e amiga em uma publicação nas redes sociais. Na oportunidade, ele reverencia a cunhada – responsável pela denúncia contra o filho – e diz que ela “trouxe ao mundo dois meninos lindos que estão no meu coração”. A cunhada responde agradecendo a mensagem de Thiago. Veja.