A queda do governo de Bashar al-Assad na Síria, após a tomada de poder por rebeldes na madrugada de domingo (8), levanta preocupações sobre uma possível retomada de influência do Estado Islâmico na região. Danielle Ayres, professora de política internacional e segurança da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista à CNN, destaca que este é o cenário que mais preocupa no momento.
Segundo a especialista, o foco das grandes potências está em impedir que o Estado Islâmico se fortaleça novamente entre os grupos rebeldes. “A gente está percebendo que durante o dia de ontem o próprio Estados Unidos já fez alguns ataques em regiões pontuais da Síria para destruir a capacidade do Estado Islâmico em juntar-se aos grupos rebeldes”, afirma Ayres.
Complexidade geopolítica
A situação na Síria apresenta um cenário geopolítico complexo. Enquanto os Estados Unidos afirmam que não retirarão suas tropas do país, Israel envia novas forças para a região das Colinas de Golã. A professora explica que a queda de Assad pode ser vista como parte de uma reconfiguração da ordem regional proposta por Benjamin Netanyahu desde os eventos de 7 de outubro.
Ayres ressalta a delicada posição dos países ocidentais: “Quem está no poder é um grupo armado, contrário à lógica do Ocidente, mas que está fazendo um papel pelo qual o Ocidente tinha planos, que era depor Bashar al-Assad”. No entanto, ela enfatiza que há um grupo cuja ascensão não é desejada por nenhuma das partes envolvidas: o Estado Islâmico.
A especialista conclui que o desafio atual é controlar a ascensão de grupos como o Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e outros, buscando uma reorganização do poder na região que atenda aos interesses ocidentais. Isso inclui a formação de uma coalizão que possa unir Jordânia, Líbano, Israel, Síria e Iraque como uma zona de proteção aos interesses estratégicos dos Estados Unidos na região, conforme mencionado por Joe Biden em seu recente discurso.
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