O homem acusado de matar o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em Manhattan, permanece na prisão estadual da Pensilvânia, enquanto uma possível acusação se aproxima em Nova York, onde um grande júri considera as evidências das acusações que ele enfrenta lá, incluindo uma acusação de assassinato.
Luigi Mangione, que enfrenta uma possível sentença que pode ir de 15 anos à prisão perpétua, se condenado por assassinato em segundo grau, deverá comparecer a uma audiência preliminar na Pensilvânia na próxima semana, após sua prisão no McDonald’s em Altoona, em 9 de dezembro.
Mangione, 26, tem lutado contra a extradição para Nova York após ser acusado de atirar em Thompson, na quarta-feira (4), mas Alvin Bragg, procurador de Manhattan, afirmou que é possível que o suspeito possa renunciar em breve ao seu direito de lutar e ser entregue às autoridades de Nova York.
“Os indícios são de que o réu pode renunciar, mas essa renúncia não estará completa até um processo judicial, o que, segundo meu entendimento, pode não acontecer até a terça-feira (17)”, explicou Bragg. “Então, até lá, continuaremos a pressionar em caminhos paralelos e estaremos prontos para decidir se ele vai renunciar à extradição ou se vai contestar a extradição.”
Veja os últimos desdobramentos do caso:
- Depois que um policial do Departamento de Polícia de São Francisco reconheceu Mangione de uma foto de vigilância como o possível suspeito, em 5 de dezembro, um dia após o tiroteio, eles compartilharam a dica com o FBI;
- Mangione contratou a advogada Karen Friedman Agnifilo, ex-promotora de Manhattan, para representá-lo em Nova York;
- Um relatório do Center for Internet Security divulgado no sábado descobriu que “amplo apoio” ao assassinato de Thompson pode levar potenciais imitadores do tiroteio a se sentirem “encorajados”;
- Um fundo de defesa criado em nome de Mangione arrecadou mais de US$ 115 mil até o domingo (15), segundo uma página de campanha no GiveSendGo. Não está claro se sua equipe de defesa aceitará os fundos.
As autoridades rastrearam o acusado em Altoona na semana passada após serem alertadas de que ele parecia com a pessoa que atirou em Thompson, na frente de um hotel em Manhattan, enquanto o executivo de saúde se preparava para participar da conferência de investidores de sua empresa.
Mangione enfrenta acusações na Pensilvânia e em Nova York. Ele continua sob custódia na Pensilvânia nesta segunda-feira (16) por acusações relacionadas a uma arma e identidade falsa, que a polícia diz ter encontrado no momento de sua prisão.
Em Nova York, os promotores acusaram-no de homicídio em segundo grau, além de duas acusações de posse criminosa de arma em segundo grau, uma de posse criminosa de documento forjado em segundo grau e outra por posse criminosa de arma em terceiro grau, conforme os documentos judiciais online.
Investigadores de Nova York acreditam que o suspeito, ex-aluno do ensino médio e graduado da Ivy League, nascido em uma família abastada, parece ser motivado pela raiva contra a indústria de seguros de saúde e “ganância corporativa”, segundo relatório de inteligência do Departamento de Polícia de Nova York (NYPD na sigla em inglês) obtido pela CNN.
Uma audiência na Pensilvânia está programada para a segunda-feira, 30 de dezembro, em resposta a petições para o mandato de habeas corpus e imposição de fiança, documentos do tribunal mostram. O pedido de habeas corpus é um fator-chave para que o acusado possa ser extraditado para Nova York.
Thomas Dickey, advogado de defesa na Pensilvânia, negou o envolvimento do cliente no assassinato de Thompson e declarou que ele antecipa um acordo de inocência de Mangione para as acusações que enfrenta em Nova York.
Dickey também informou que seu cliente, a quem foi negada fiança na terça-feira passada em uma audiência de extradição, planeja se declarar inocente das acusações na Pensilvânia.
Após os comentários de Bragg sobre o acusado possivelmente estar recuando da luta pela extradição, a CNN buscou um comentário de Dickey sobre se ele e seu cliente mudaram sua posição sobre a extradição.
Evidências crescentes contra o suspeito
Autoridades de Nova York executaram até três mandados de busca como parte da investigação, incluindo pelo menos dois mandados para uma mochila encontrada no Central Park e um celular descartável descoberto ao longo da rota de fuga de Mangione, relataram fontes à CNN.
As autoridades dizem que a evidência crescente contra o suspeito acusado de matar Thompson inclui uma arma impressa em 3D que eles alegam estar com o suspeito quando ele foi preso, que corresponde a três cápsulas encontradas na cena do crime.
As impressões digitais de Mangione correspondem às encontradas nos itens perto da cena, explicou o comissário de polícia de Nova York, e os investigadores descobriram uma “reivindicação de responsabilidade” de três páginas escrita à mão e escritos em um caderno apontando para o envolvimento do suspeito, uma fonte da polícia informou a CNN.
Três cápsulas de 9 mm da cena do crime tinham as palavras “atrasar”, “negar” e “depor” escritas nelas, segundo o detetive-chefe Joseph Kenny do NYPD. As palavras são semelhantes ao título de um livro de 2010 criticando a indústria de seguros.
Dickey disse que quer ver as evidências de balística e impressão digital por si.
“Essas duas evidências, por si mesmas, foram alvo de algumas críticas no passado, em relação à sua credibilidade, sua veracidade, sua precisão, como você quiser chamar”, falou Dickey à CNN na quarta-feira (11).
Líderes empresariais discutirão segurança após o assassinato de Thompson
O gabinete da governadora de Nova York, Kathy Hochul, está convocando líderes empresariais e autoridades policiais para discutir segurança esta semana.
Kathryn Garcia, diretora de operações e infraestrutura de Hochul, fará uma ligação com vários líderes empresariais e oficias de polícia na terça-feira (17), contou um porta-voz do gabinete da governadora à CNN.
Kathryn Wylde, presidente e CEO da Partnership for New York City, uma organização sem fins lucrativos que representa os líderes empresariais globais e grandes empregadores de Nova York, compartilhou com a CNN que a chamada incluirá altos funcionários da polícia estadual e autoridades antiterroristas.
Uma fonte familiarizada com o planejamento disse à CNN que o estado também está considerando a criação de uma linha direta para CEOs, para que eles possam ligar para relatar preocupações ou ameaças de segurança.
A esperança é que o chamado “forneça um fórum para perguntas e compartilhamento de melhores práticas sobre ameaças aos líderes empresariais da cidade”, disse Wylde.
Cerca de 200 pessoas, principalmente funcionários da segurança e alguns CEOs, devem se juntar ao grupo, conforme a presidente.
O chamado ocorre enquanto os líderes de alto escalão em todo o país, estão abalados após a morte de Thompson e reavaliando a preparação para ameaças potenciais.
O NYPD, em um relatório de inteligência obtido pela CNN na semana passada, pontuou que acreditava que a morte do CEO foi uma “derrubada simbólica” e poderia inspirar outros a agirem violentamente contra líderes empresariais.