A Rússia tem demonstrado uma notável capacidade de resistir às sanções econômicas impostas pela comunidade internacional, conforme explica o professor Angelo Segrillo, especialista em História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), ao programa WW desta sexta-feira (18).
Em uma análise detalhada, o acadêmico destaca os fatores que contribuem para a resiliência econômica russa.
Segundo Segrillo, a vastidão territorial e a extraordinária riqueza mineral da Rússia são elementos cruciais para sua sobrevivência econômica.
“A Rússia tem muito de tudo, tudo o que você pensa, tudo, ouro, diamante, tungstênio, até nióbio, que uma vez falaram não tinha, mas tem um pouco também, não tanto, gás, madeira, tudo, tudo do mais valioso”, afirma o professor.
Autossuficiência e gestão econômica
O especialista argumenta que, se existe um país no mundo capaz de se isolar e viver de forma autárquica, esse país é a Rússia.
Esta capacidade de autossuficiência, combinada com uma gestão econômica hábil, tem permitido que o país navegue pelas turbulências causadas pelas sanções internacionais.
Segrillo também destaca a abordagem econômica do governo russo antes dos conflitos recentes.
“O governo russo antes desses conflitos, ele era bastante estranho, porque ele tinha um governo meio Keynesiano, mas ao mesmo tempo com grande rigor fiscal”, explica.
Esta estratégia de combinar políticas de estímulo econômico com disciplina fiscal ajudou a Rússia a acumular reservas significativas.
Adaptação aos desafios econômicos
Apesar das dificuldades, como uma inflação relativamente alta para os padrões internacionais, a economia russa tem mostrado sinais de adaptação.
O professor menciona que a taxa de juros, que inicialmente disparou com o início da guerra, já retornou a níveis mais gerenciáveis, em torno de 15% a 16%.
A habilidade da Rússia em encontrar alternativas para o comércio internacional, incluindo parcerias com países como China, Índia e Brasil, tem sido fundamental para contornar parte do impacto das sanções.
O especialista ressalta que essa capacidade de adaptação, somada à vasta riqueza natural do país, permite que a Rússia resista a pressões que, segundo ele, “provavelmente nenhum outro país aguentaria”.