O secretário especial de Segurança e Defesa Social de Campo Grande, Anderson Gonzaga da Silva Assis, teve um áudio vazado nas redes sociais em que elogia o líder nazista Adolf Hitler. A fala ocorreu durante uma reunião com membros do Ronda (Ronda Ostensiva Municipal), no início do ano. Ouça abaixo.
Via assessoria de imprensa, a reportagem questionou a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e o próprio secretário, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
O Primeira Página também questionou a Prefeitura de Campo Grande se o servidor foi advertido sobre o ocorrido, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
A gravação foi feita durante uma reunião convocada pelo secretário, que também é membro da GCM. Na ocasião, o secretário menciona um suposto vídeo em que ele é comparado ao político alemão.
“Infelizmente, quando mexe com pessoa, com seres humanos, cada um pensa de um jeito… Eu tenho a minha consciência, fizeram até um videozinho meu aí na internet me chamando de Hitler. Eu até admiro Hitler, porque foi um cara inteligente”.
Anderson Gonzaga da Silva Assis.
Durante a fala, Gonzaga afirma que gostaria de ser um terço do que Hitler foi:
“A Alemanha é a potência que é hoje graças ao Hitler. Estrategista, um cara inteligente, foi ditador, sim… conquistou o que conquistou graças às estratégias e à inteligência dele… Eu queria ser um terço daquele líder”.
Anderson Gonzaga da Silva Assis.
Apesar do tom elogioso ao poder de comando do líder nazista, não se pode ignorar os reflexos do autoritarismo imposto por Hitler na Alemanha a partir de 1933. Estima-se que, a mando de Hitler, 90 mil judeus foram enviados para os campos de concentração nazistas, onde eram explorados até a morte, em um período também marcado pela perseguição a todos os tipos de minorias.
No Brasil, a apologia — ou seja, o elogio ao nazismo — é crime. Conforme a legislação brasileira, qualquer manifestação ou promoção de ideologias que incentivem o ódio, a violência ou a discriminação, especialmente quando relacionadas ao regime nazista, é crime.
- Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional: pena de reclusão de um a três anos e multa — ou reclusão de dois a cinco anos e multa, se o crime for cometido em publicações ou meios de comunicação social.
- Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo: pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.