Síria: veja em 5 pontos o que aconteceu nas últimas 48 horas

CNN Brasil


Com uma ofensiva relâmpago, rebeldes começaram a tomar regiões da Síria, em uma ação acelerada no final de semana e que culminou na tomada da capital, Damasco. O movimento levou à queda do presidente do país, Bashar al-Assad.

A Síria vive em guerra civil desde 2011, um conflito que já deixou mais de 300 mil civis mortos.

Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita ao Irã, e dos Estados Unidos à Rússia — se juntaram. Os russos se aliaram ao governo de Assad para combater o grupo terrorista Estado Islâmico e os rebeldes enquanto os americanos lideraram uma coalizão internacional para repelir o terrorismo.

Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad. Isso até as últimas semanas e, principalmente, desde sábado (7).

Veja, em cinco pontos, os acontecimentos das últimas 48 horas no país do Oriente Médio.

1 – Duas frentes

Os rebeldes lutaram contra as forças de Assad em duas frentes: o norte e o sul. O objetivo era chegar a Damasco, a capital, o que seria a “fase final” do plano.

Eles aceleraram a investida relâmpago no sábado (7), informando haver tomado a maior parte da região sul. Além de capturar Aleppo no norte, Hama no centro e Deir al-Zor no leste, os rebeldes disseram que tomaram o sul de Quneitra, Daraa e Suweida.

A coligação rebelde da Síria consiste em grupos islâmicos e moderados que, apesar das diferenças, estão unidos na luta contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

O Hayat Tahrir al-Sham (HTS) é um dos maiores e tem sido uma das principais forças de oposição, combatendo o governo desde sua formação.

Outro grupo é o Exército Nacional Sírio (SNA), que incorporou dezenas de grupos rebeldes com diversas ideologias que recebem financiamento e armas da Turquia.

Essa coligação inclui a Frente de Libertação Nacional, composta por grupos como Ahrar al-Sham, cujos objetivos declarados são “derrubar o regime (de Assad)” e “estabelecer um Estado islâmico governado pela lei Sharia”.

Alguns membros da coligação rebelde também lutam contra as forças curdas.

2 – Duas facções

No sul, há o Southern Operations Room, um grupo recém-formado que representa os rebeldes do sul. No movimento de agora, epediu às forças do governo que desertassem “da gangue criminosa do regime de Assad” e se juntassem aos rebeldes.

As facções do sul são diferentes das facções do norte, lideradas pelo grupo rebelde islâmico HTS.

No norte, o HTS liderou uma ofensiva que, após tomar a cidade de Aleppo em apenas três dias e Hama em oito, os insurgentes se direcionaram para Homs e Damasco.

A queda de Homs deu aos insurgentes o controle sobre o coração estratégico da Síria e uma importante encruzilhada de rodovias, separando Damasco da região costeira que é o reduto da seita alauíta de Assad e onde seus aliados russos têm uma base naval e uma base aérea.

A rápida ofensiva rebelde tem deixado analistas e observadores surpresos. O avanço relâmpago ocorre em meio a relatos de resistência mínima por parte das forças do regime, que foram pegas despreparadas.

Em entrevista à CNN, o cientista político Hussein Kalout fez um alerta sobre a recente tomada de poder pelos rebeldes na Síria, caracterizando-os como “muito mais radicais e opressores” do que o regime de Bashar al-Assad.

3 – Capital

Damasco foi tomada por rebeldes no domingo (8) e um toque de recolher foi decretado.

Os rebeldes assumiram o controle da televisão estatal, interrompendo a programação regular para anunciar a queda do regime. Imagens do Palácio Presidencial saqueado circularam, simbolizando o fim de uma era na política síria.

Comandante rebelde sírio, Abu Mohammad al-Jolani, foi aplaudido por uma multidão em Damasco após a queda de Bashar al-Assad.

Os rebeldes libertaram detentos de presídios que estavam em celas superlotadas e escondidas. Um relatório de 2023 do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) detalhou “padrões generalizados e sistemáticos de tortura e tratamento cruel, desumano ou degradante” em centros de detenção do regime sírio.

4 – Bashar al-Assad

O presidente sírio e sua família estão em Moscou e receberam asilo humanitário do governo russo, segundo a mídia do país. A Rússia é um dos países aliados do governo de Assad e atuou nos recentes combate contra os rebeldes.

Antes do comunicado dos russos ser emitido, uma fonte próxima aos rebeldes disse à CNN que o presidente deposto havia deixado Damasco sob proteção russa, e uma fonte separada contou que ele viajou para Latakia, no noroeste da Síria, onde a Rússia tem uma base aérea.

Uma estátua de Hafez al-Assad, pai de Bashar, foi derrubada em Jaramana, no sul do país.

A família Assad governou o país com mão de ferro desde 1970, enfrentando acusações de perseguição política e repressão violenta.

Hafez governou por 29 anos, até sua morte em 2000, quando Bashar assumiu a presidência.

5 – Reação de outros países

O governo americano está focado nos próximos passos na Síria, incluindo o envolvimento com grupos no país, falando com líderes regionais e mantendo os esforços contra o Estado islâmico.

Os EUA têm “observado de perto” e estão vendo se as declarações feitas pelos líderes rebeldes “serão traduzidas em ações”.

Israel anunciou no domingo (8) a mobilização de forças militares para a zona tampão monitorada pela ONU na fronteira com a Síria. Esta ação marca a primeira vez desde 1974 que Israel envia tropas para essa área desmilitarizada nas Colinas de Golã.

Os israelenses realizam ataques contra alvos ligados ao Irã na Síria há anos, mas intensificaram as agressões desde o ataque do grupo palestino Hamas em 7 de outubro do ano passado, que deu início à guerra de Gaza.

Já a Rússia solicitou ao Conselho de Segurança da ONU uma reunião privada na segunda-feira (9) para discutir o colapso do regime de Assad na Síria.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse, no domingo (8), que a Europa ajudará a reconstruir uma Síria que seja segura para todas as minorias, após a queda do regime de Bashar al-Assad.

Pelo Afeganistão, o Ministério das Relações Exteriores do Talibã parabenizou o povo sírio e as forças rebeldes “pelos desenvolvimentos recentes, que resultaram na remoção de fatores-chave que contribuem para o conflito e a instabilidade”.

O exército libanês mobilizou tropas de reforço ao longo de suas fronteiras leste e norte com a Síria. O Irã disse que respeitará a “unidade, soberania nacional e integridade territorial” da Síria.

Saiba quem é o líder rebelde sírio e o grupo que derrubou Bashar al-Assad



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