No sítio arqueológico de Santa Elina, região de Jangada, a 82 km de Cuiabá, artefatos encontrados desafiam os estudos científicos e teorias de povoação das Américas, ao confirmarem a presença de vida humana há 27 mil anos.
O que torna esse assunto ainda mais interessante é que esses homens pré-históricos dividiam espaço com animais gigantes, em uma megafauna mato-grossense.
Vida pré-histórica Mato Grosso
O sítio arqueológico de Santa Elina, na região conhecida como na Serra das Araras, recebeu visitas de pesquisadores durante cerca de 20 anos, até que foi confirmada a ocupação humana no local há mais de 20 mil anos.
Ao Primeira Página, o geólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, afirmou que foram encontradas ossadas de animais gigantes e artefatos, que são objetos modificados por seres humanos há milhares de anos.
Ainda segundo Caiubi, os artefatos mostram que o homem pré-histórico viveu na região mato-grossense em uma megafauna, com preguiças e tatus gigantes, além de mastodontes.
Apesar de já extintos, esses animais sobreviveram até cerca de 7 mil anos atrás, o que representa um “tempo geológico muito recente”, como explicou o geólogo.
Dentre as evidências encontradas na região, também estão pinturas rupestres em cavernas representando homens e animais.
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No passado, em meio à convivência com os animais, o homem pré-histórico também se alimentou, criou ferramentas e utensílios a partir dos ossos desses animais, elaborando itens como colares, pulseiras e outros adornos corporais.
Confira abaixo o trecho do livro História Natural de Mato Grosso, de autoria de Caiubi e outros cinco especialistas, que fala sobre a vida humana naquela época:
“Homens e mulheres desse período eram caçadores, pescadores, coletores, nômades e desconheciam a agricultura. Viviam em pequenos grupos familiares, que se deslocavam constantemente em busca de recursos naturais para sobrevivência. Da natureza provinha tudo que necessitavam, obtendo, assim, grande conhecimento sobre o meio ambiente: remédios, alimentos, água, moradias, vestimentas e ferramentas. Dominavam também as fases de sazonalidade – períodos de abundância e escassez, como exemplo: época da piracema e o período em que deveriam estar à beira dos rios pescando; ciclo dos frutos do cerrado, em especial, do pequi, coletando-o e desfrutando seu sabor exótico, já naquele tempo”.
Por meio de imagens divulgadas no estudo ‘Evidências de artefatos feitos de ossos de preguiça gigante no Brasil central em torno do último máximo glacial’, é possível ver que alguns dos ossos de animais possuem furos e raspagens, característicos de modificação humana direta.

Para Caiubi, esse sítio arqueológico tem uma importância científica de caráter mundial, devido ao conjunto de informações e datações sobre o comportamento humano pré-histórico e a comprovação da convivência entre homens e animais na região.
“É uma datação muito importante, que acaba redesenhando um pouco aquela ideia de que o homem chegou aqui há 12 ou 13 mil anos, que é o que se pensava até um tempo atrás”, diz o geólogo.
Fósseis podem ser visitados
Alguns desses fósseis de animais da megafauna encontrados por pesquisadores na região de Santa Elina e no distrito mato-grossense de Baiuxí, estão expostos e podem ser conhecidos no Museu de História Natural de Mato Grosso, em Cuiabá.
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