A decisão de Edmundo González de fugir da Venezuela em busca de asilo político na Espanha foi tomada em questão de horas para preservar sua vida, disse à CNN seu advogado, José Vicente Haro.
“Sua vida estava em perigo, sua integridade física, sua liberdade e o que é, em geral, sua segurança pessoal estavam em perigo”, comentou Haro.
González foi o principal candidato da oposição ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na última eleição presidencial, em 28 de julho. O órgão eleitoral do país declarou a vitória de Maduro. A oposição disse que houve fraude. Órgãos internacionais e outros países pediram que a Venezuela apresentasse as atas da votação, o que não foi feito até o momento.
A saída ocorreu cinco dias depois de um tribunal ter ordenado a sua prisão sob acusações relacionadas com a publicação dos resultados eleitorais. González rejeitou repetidamente as acusações contra ele e diz ser vítima de perseguição judicial injusta.
“Decisão que tinha que ser tomada”
A fuga aconteceu no sábado (7), mas a definição de que ele abandonaria a Venezuela foi tomada no final da noite de sexta-feira (6).
Segundo o advogado, a saída do país “era uma decisão que tinha que ser tomada”. “E por razões humanas, que talvez muitos não entendam, mas você tem que estar na pele, você tem que estar na mente, você tem que estar na situação que ele estava, com um risco que pairava sobre sua família, sobre sua vida, com uma perseguição judicial injusta, com uma investigação criminal, com um mandado de prisão”.
E chega um momento em que o instinto mínimo de preservar a vida, a integridade física, a liberdade precedem muitas coisas
José Vicente Haro
Em meio a um cerco das forças venezuelanas à embaixada da Argentina em Caracas — onde estão seis opositores após pedido de asilo –, González avaliou que as autoridades do país poderiam fazer o mesmo em qualquer embaixada caso tentasse se refugiar nelas.
Segundo o advogado, havia duas opções:
- “Ou ir para a prisão injustamente, ser detido, ser preso injustamente por crimes que não cometeu, por atos que não são de natureza criminosa, por atos que se presumem serem crimes, segundo o Ministério Público, que não cometeu de forma alguma — e, então teríamos, um Edmundo González nas prisões venezuelanas, não se sabe em que circunstâncias e em que situações”
- “Ou a sua vida será preservada através de uma decisão superveniente em que, mesmo à meia-noite de sexta-feira (para sábado) ele ainda não tinha certeza sobre adotá-la”
No sábado, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que o governo venezuelano concedeu passagem segura e que permitiu a saída do opositor para a Europa.
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