O ex-servidor público Benedito Anunciação de Santana, de 40 anos, preso suspeito de assassinar a enteada Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, em Cuiabá, já responde por um processo anterior de violência doméstica. O histórico criminal do padrasto da vítima é um dos fatores que reforçam as suspeitas contra ele no novo caso, investigado como feminicídio consumado, roubo majorado e corrupção de menores.
O crime aconteceu no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, a residência onde Heloysa foi encontrada morta dentro de um poço desativado não apresentava sinais de arrombamento.
Para o delegado Guilherme Bertoli, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), isso indica que o autor do crime possivelmente tinha acesso ao imóvel — e teria facilitado a entrada dos comparsas.
Durante a investigação, um dos executores foi preso e revelou a participação de Benedito e do próprio filho do suspeito, Gustavo Benedito Júnior Lara de Santana, de 18 anos. Gustavo também foi preso e confessou que foi o pai quem o chamou para cometer o assassinato.
Apesar da confissão do filho e das evidências colhidas, Benedito nega envolvimento. Segundo os investigadores, ele tem demonstrado frieza nas declarações e se recusa a admitir a autoria.
“Há elementos que indicam planejamento, envolvimento direto e reincidência em condutas violentas contra mulheres”, afirmou o delegado Bertoli.
O perito criminal Manoel Messias confirmou que a perícia técnica realizada na casa sustenta a versão apresentada pelos comparsas e é fundamental para esclarecer as circunstâncias do crime.

Ex-acólito
Benedito atuava como acólito na Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Após sua prisão pelo envolvimento no assassinato da enteada Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, a igreja comunicou oficialmente seu desligamento das funções litúrgicas.
Em nota assinada pelo padre Deusdedit Monge, Cura Metropolitano, a Catedral afirmou que a decisão foi tomada em respeito aos princípios da Igreja, que preza pela dignidade da vida e pela justiça.
O comunicado também ressalta que a medida visa preservar a integridade da comunidade e a seriedade dos serviços religiosos. A paróquia pediu ainda que a comunidade mantenha-se em oração por Heloysa, seus familiares e todos os envolvidos no caso.

Crime planejado
As investigações apontam que o feminicídio de Heloysa foi premeditado por Benedito Anunciação de Santana, com apoio do filho, Gustavo Benedito Júnior, de 18 anos, e de dois adolescentes, de 16 e 17 anos. O grupo teria se passado por assaltantes para disfarçar a execução e agrediu também a mãe da vítima, que sobreviveu.
Heloysa foi morta por estrangulamento com um cabo de celular e teve o corpo jogado em um poço de aproximadamente nove metros de profundidade em uma área de mata no bairro Ribeirão do Lipa, onde também foram localizados itens roubados da casa.
A simulação de um roubo com sequestro mobilizou equipes da Polícia Civil, Polícia Militar e do Bope, que em menos de 24 horas prenderam ou apreenderam todos os envolvidos.
Segundo a polícia, o crime teria como motivação principal a vontade do padrasto de matar tanto a enteada quanto a companheira, que acabou sendo poupada após intervenção de uma amiga que estava com um bebê.
O caso é tratado como feminicídio consumado, roubo majorado, ocultação de cadáver e corrupção de menores.
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