Três meses após o desaparecimento da adolescente Marina Sofia Menezes Ventura, de 13 anos, e do encerramento oficial do caso, os três suspeitos de participação no caso tiveram suas prisões anuladas pela Justiça nessa terça-feira (4), após decisão da juíza Janaína Cristina de Almeida.
Suspeitos em liberdade
Segundo a decisão judicial, o Mistério Público de Mato Grosso (MP-MT) entendeu que não há provas de materialidade suficientes para que a denúncia seja oferecida contra os suspeitos:
- João Vitor da Silva de Oliveira, de 20 anos, cunhado de Marina;
- João Alexandre Bertolino Inocêncio, homem que foi reconhecido por testemunhas como suspeito de participação no caso;
- Pedro Miguel Rodrigues de Souza (foragido).
Com isso, João Vitor e João Alexandre, que estavam presos preventivamente até então, tiveram suas prisões revogadas e receberão habeas corpus de soltura. Enquanto isso, eles terão que cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica.
Os três eram suspeitos pelos crimes, em tese, de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado e ocultação de cadáver.
Além disso, a magistrada pediu, no documento, que novas investigações do desaparecimento da adolescente sejam realizadas.
Fim das investigações
Há exatos 106 dias, a adolescente Marina Sofia Menezes Ventura, de 13 anos, desapareceu da casa onde morava em Diamantino, a a 299 km de Cuiabá.
Ao fim de três meses de investigações, o caso foi oficialmente encerrado mesmo sem a jovem ter sido encontrada e o motivo do desaparecimento esclarecido pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Marcos Bruzzi, responsável pelo caso, o prazo da investigação acabou e, por isso, foi preciso finalizar o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público – que pode pedir novas investigações, denunciar envolvidos à Justiça ou arquivar o caso.
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A mãe da adolescente, que vive a angústia do desaparecimento da filha, conversou com a reportagem e, aos prantos, pediu ajuda para encontrar Marina Sofia.
“Pelo amor de Deus, eu só quero saber onde minha filhinha está… Alguém me ajuda, preciso achar minha filha… Ela é só uma criança… Se minha filha estiver viva, eu preciso saber”, disse a mãe chorando.
Relembre o caso
Era um domingo à tarde, dia 20 de outubro de 2024, quando a mãe de Marina, Adriele Leite Menezes, foi até um estabelecimento comercial próximo de onde moravam, enquanto a adolescente e a irmã mais nova ficaram em casa.
À polícia, a mãe disse que ligou em casa, para que a ilha mais nova fosse até ela buscar um frango e quando voltou, minutos depois, a adolescente não estava mais em casa.
Foi então que as investigações iniciaram, contando com análises de câmeras de segurança do bairro Bom Jesus, onde a família mora.
Na noite daquele domingo, três homens foram vistos retirando uma pessoa, com características semelhantes às de Marina, do porta-malas de um carro em uma área de mata.
O Corpo de Bombeiros e a polícia estiveram no local e procuraram pela jovem, com a ajuda de um cão farejador, mas nada foi encontrado.
Envolvimento do cunhado e indenização
Esses depoimentos levaram à prisão do primeiro suspeito – João Alexandre Bertolino Inocêncio – em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. Durante o interrogatório, ele revelou ter sido procurado pelo cunhado de Marina – João Victor Silva de Oliveira – que lhe ofereceu R$ 25 mil para ajudar no desaparecimento da adolescente.
Conforme Marcos Bruzzi, o valor seria de uma indenização que Marina receberia devido à morte do pai, que deveria ser repartida entre os envolvidos.
Durante as investigações, a polícia ouviu mais de 20 depoimentos, entre familiares e pessoas próximas à família.
Conforme as investigações, João Victor não apresentou um álibi consistente para o horário do desaparecimento e deixou a cidade logo após o sumiço de Marina.
Imagens de câmeras de segurança revelaram que ele saiu de casa às 11h30, vestindo uma camisa vermelha, e retornou por volta das 13h30, usando uma camisa preta.
“Ele saiu com uma camisa vermelha e retornou com uma camisa preta. Em depoimento, não soube explicar o motivo da troca”, afirmou o delegado.
O delegado também afirma que os responsáveis pelo desaparecimento tinham informações privilegiadas, já que retiraram Marina em um intervalo muito curto, no momento em que ela estava sozinha na residência.