Suspensão de auxílio dos EUA prejudica esforços contra a fome no mundo


As medidas do governo de Donald Trump para cortar e modificar a forma como o país fornece auxílio externo está prejudicando um complexo sistema global de prevenção e resposta à fome.

Lutando para controlar as crises de fome que já varriam o mundo em desenvolvimento mesmo antes de Trump voltar à Casa Branca, o sistema internacional de monitoramento e alívio da fome sofreu vários golpes com a interrupção repentina da ajuda externa dos EUA.

O congelamento de gastos, que Trump decretou ao assumir o cargo em 20 de janeiro, deve durar 90 dias, enquanto o seu governo analisa os programas de ajuda internacional. O secretário de Estado, Marco Rubio, disse que há uma exceção que permite a continuação do auxílio alimentar de emergência.

Mas grande parte dessa ajuda de emergência está, pelo menos temporariamente, parada. As organizações humanitárias buscam clareza sobre quais programas podem continuar. Há ainda o agravante da decisão de Trump de fechar a USAID, principal agência de ajuda do governo dos EUA.

Cerca de 500 mil toneladas de alimentos, valendo um total de 340 milhões de dólares, estão em trânsito ou armazenados, enquanto organizações humanitárias esperam pela aprovação do Departamento de Estado dos EUA para distribuí-los, afirmou Marcia Wong, ex-autoridade da USAID que foi informada sobre a situação.

A assistência financeira dos EUA para ajudar as pessoas a comprar alimentos e outros itens de primeira necessidade no Sudão e na Faixa de Gaza também foi interrompida, disseram à Reuters trabalhadores de ajuda humanitária. O mesmo ocorreu com cozinhas comunitárias administradas por voluntários, um esforço apoiado pelos EUA no Sudão para ajudar a alimentar pessoas em áreas inacessíveis à ajuda tradicional.

A Rede de Sistemas de Alertas Antecipados da Fome (FEWS NET), entidade dos EUA que produzia alertas regulares de segurança alimentar destinados a prevenir a fome, também foi fechada. Seu fim deixa as organizações de ajuda sem uma fonte-chave de orientação sobre onde e como implantar os programas.

O Departamento de Estado norte-americano não respondeu a pedidos para que comentasse sobre o tema.

Estoques em suspensão

Os conflitos estão levando um grande número de pessoas à fome, e os EUA são o maior doador individual de ajuda desse setor no mundo. O país forneceu 64,6 bilhões de dólares em ajuda humanitária nos últimos cinco anos. Isso é pelo menos 38% do total dessas contribuições registradas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 2023, quase 282 milhões de pessoas em 59 países e territórios experimentaram escassez extrema de alimentos que ameaçaram suas vidas ou meios de subsistência, de acordo com o Relatório Global de 2024 sobre Crises Alimentares.

Mesmo antes da pausa na ajuda dos EUA, o sistema mundial de combate à fome estava sob enorme pressão, trazida por conflitos e instabilidades políticas, como a Reuters detalhou em uma série de reportagens no ano passado.

Entre o auxílio paralisado estão milhões de pacotes de alimentos ricos em nutrientes, produzidos pela Mana Nutrition e pela Edesia Nutrition, de Rhode Island, que estão retidos em armazéns e seriam usados nos esforços de ajuda de emergência da ONU no Sudão, Etiópia, Iêmen, República Democrática do Congo e outros países.

“Não estamos fazendo alimentos que são ‘bom ter’. Nós fazemos alimentos que são o equivalente à penicilina para crianças desnutridas”, disse Navyn Salem, CEO da Edesia. Milhões de pacotes de alimentos que salvam vidas “serão desperdiçados enquanto vemos crianças morrendo de fome sob nossa observação.”



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