Três indígenas ficaram feridos em um novo conflito por terra em Mato Grosso do Sul, na tarde dessa quinta-feira (12). Desta vez, o embate entre povos originários e Polícia Militar aconteceu na área conhecida como Tekoha Marangatu, no município de Antônio João – cidade que fica a 300 quilômetros de Campo Grande.
Vídeos do conflito foram publicados pela assembleia Aty Guassu; as imagens foram divulgadas nas redes sociais.
Conforme apuração da equipe de reportagem, o conflito ocorreu entre policiais do 4º Batalhão de Polícia Militar. Em nota o comandante Edson Guardiano informou que os militares foram chamados depois que os indígenas invadiram a sede da Fazenda da Barra.
Na versão da polícia, assim que as equipes o chegar a ponte que divide a fazenda da Aldeia Marangatu, os indígenas atearam fogo na ponte de acesso à propriedade, a única passagem para até a cede. “Foi aí que as equipes da Polícia Militar interviram para impedir isso e teriam sido atacadas com flechas, facões e pedras”, diz a nota.
Os militares reagiram com tiros de munição não letal (balas de borracha) e escudos. A Polícia Militar confirmou que indígenas ficaram feridos, mas se recusaram a ser atendidos por eles.
Imagens enviadas a reportagem mostram parte do conflito: policiais com escudos, focos de fogo na ponte de madeira e indígenas do outro lado. (Vídeo acima)
Ainda conforme a Polícia Militar, as equipes no local acionaram a Força Nacional e também pediram reforço para o Batalhão de Choque da Polícia Militar.
De acordo com o comandante, a situação está controlada, mas ainda é tensa. Ele informou ainda que equipes vão trabalhar na reconstrução da ponte que foi queimada nesta sexta-feira (13).
Conflito antigo
A área em que o conflito ocorreu é identificada pela Funai como posse tradicional indígena, ela engloba um total de nove propriedades particulares, mais o distrito do Campestre; cerca de 9 hectares – 1.300 correspondem a Fazenda Barra.
O território da fazenda foi invadido em 1998 e o caso foi parar na justiça.
Um acordo entre os proprietários da fazenda e a Funai foi feito: os indígenas ocupariam 30 hectares da fazenda de forma “mansa e pacífica”. Mas com o passar dos anos a situação se agravou, indígenas invadiram outras propriedades da área em 2015 e 2023.
Em agosto de 2015 houve um forte ataque de fazendeiros, com apoio de políticos, aos indígenas. A ação terminou na morte de Simião Vilhalva.
Agora, em meio ao clima tenso da região, uma decisão judicial nesta quinta-feira (12) mantém as forças policiais em Antônio João para controlar a situação e ainda determinou a retomada do processo pela posse da terra.