Trump designa os Houthis como “organização terrorista estrangeira“; entenda

CNN Brasil


O presidente dos Estados Unidos Donald Trump designou nesta quarta-feira (22) os Houthis como uma “organização terrorista estrangeira” após ataques a navios de transporte no Mar Vermelho.

Biden havia removido o rótulo quando assumiu a Casa Branca em 2021, antes de mais tarde designar os Houthis como um grupo “Terrorista Global Especialmente Designado”, uma classificação menos severa.

Há três diferenças nos rótulos:

  • A lei federal torna crime fornecer suporte material ou recursos a uma organização terrorista estrangeira, tornando o grupo proibido para bancos e outras empresas.
  • Integrantes de organizações terroristas estrangeiras não podem ser admitidos nos Estados Unidos.
  • As vítimas dos ataques do grupo podem entrar com ações judiciais contra o ele e as entidades que os apoiam.

 

 

“Sob o presidente Trump, agora é política dos Estados Unidos cooperar com seus parceiros regionais para eliminar as capacidades e operações dos Houthis, privá-los de recursos e, assim, encerrar seus ataques a militares e civis dos EUA, parceiros dos EUA e transporte marítimo no Mar Vermelho”, disse a Casa Branca ao anunciar a nova designação.

A Casa Branca afirmou que Trump estava instruindo a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional a “encerrar seu relacionamento com entidades que fizeram pagamentos aos Houthis, ou que se opuseram aos esforços internacionais para combater os Houthis, enquanto fechavam os olhos para o terrorismo e os abusos” do grupo.

Os ataques Houthis no Mar Vermelho forçaram algumas das maiores empresas de transporte e petróleo do mundo a suspender o trânsito por uma das rotas comerciais marítimas mais importantes do mundo.

Quem são os Houthis?

O movimento Houthi, também conhecido como Ansarallah (Apoiadores de Deus), é um dos lados da guerra civil iemenita que já dura quase uma década. Surgiu na década de 1990, quando o seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o “Juventude que Acredita”, um movimento de renascimento religioso para uma subseita secular do islã xiita chamada Zaidismo.

Os Zaidis governaram o Iêmen durante séculos, mas foram marginalizados sob o regime sunita que chegou ao poder após a guerra civil de 1962. O movimento de Al-Houthi foi fundado para representar os Zaidis e resistir ao sunismo radical, particularmente às ideias Wahhabi da Arábia Saudita. Seus seguidores mais próximos ficaram conhecidos como Houthis.

Como eles ganharam poder?

Ali Abdullah Saleh, o primeiro presidente do Iêmen após a unificação do Iêmen do Norte e do Sul em 1990, inicialmente apoiou o Juventude que Acredita. Mas à medida que a popularidade do movimento cresceu e a retórica antigovernamental aumentou, tornou-se uma ameaça para Saleh. As coisas chegaram ao auge em 2003, quando Saleh apoiou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, à qual muitos iemenitas se opuseram.

Para al-Houthi, a ruptura foi uma oportunidade. Aproveitando a indignação pública, ele organizou manifestações em massa. Após meses de desordem, Saleh emitiu um mandado para a prisão dele.

Al-Houthi foi morto em setembro de 2004 pelas forças iemenitas, mas o seu movimento sobreviveu. A ala militar Houthi cresceu enquanto mais combatentes se juntaram à causa. Encorajados pelos primeiros protestos da Primavera Árabe em 2011, assumiram o controle da província de Saada, no norte, e apelaram ao fim do regime de Saleh.

Os Houthis controlam o Iêmen?

Rebeldes armados da milícia Houthi. apoiada pelo Irã. participam de uma manifestação contra os EUA e Israel
Rebeldes armados da milícia Houthi. apoiada pelo Irã. participam de uma manifestação contra os EUA e Israel • Osamah Yahya/picture alliance via Getty Images

Saleh concordou em 2011 em entregar o poder ao seu vice-presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, mas esse governo não era mais popular. Os Houthis atacaram novamente em 2014, assumindo o controle de partes de Sanaa, capital do Iêmen, antes de finalmente invadirem o palácio presidencial no início do ano seguinte.

Hadi fugiu para a Arábia Saudita, que lançou uma guerra contra os Houthis a seu pedido em março de 2015. O que se esperava que fosse uma campanha rápida durou anos: um cessar-fogo foi finalmente assinado em 2022. Expirou seis meses depois, mas as partes em guerra não voltaram ao conflito em grande escala.

As Nações Unidas afirmaram que a guerra no Iêmen se transformou na pior crise humanitária do mundo. Quase um quarto de milhão de pessoas foram mortas durante o conflito, segundo estatísticas da ONU.

Desde o cessar-fogo, os Houthis consolidaram o seu controle sobre a maior parte do norte do Iêmen. Eles também procuraram um acordo com os sauditas que poria fim permanente à guerra e consolidaria o seu papel como governantes do país.

Quem são seus aliados?

Os Houthis são apoiados pelo Irã, que começou a aumentar a sua ajuda ao grupo em 2014, à medida que a guerra civil escalava e a sua rivalidade com a Arábia Saudita se intensificava. O Irã forneceu ao grupo armas e tecnologia para, entre outras coisas, minas marítimas, mísseis balísticos e de cruzeiro e veículos aéreos não tripulados (UAVs ou drones), de acordo com um relatório de 2021 do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Os Houthis fazem parte do chamado “Eixo da Resistência” do Irã – uma aliança contra Israel e o Ocidente liderada pelo Irã de milícias regionais apoiadas pela República Islâmica. Juntamente com o Hamas, em Gaza, e o Hezbollah, no Líbano, os Houthis são uma das três milícias proeminentes apoiadas pelo Irã que lançaram ataques contra Israel nas últimas semanas.

Saiba mais sobre o grupo nesta matéria.



Fonte do Texto

VEJA MAIS

Lucro de 1000%: carne podre era comprada por menos de um real

A empresa do Rio de Janeiro suspeita de maquiar carnes impróprias para o consumo comprava…

fogo destrói área 64% maior que a média dos últimos 6 anos

O Brasil enfrentou o maior desastre ambiental relacionado a queimadas dos últimos anos em 2024.…

Enviado de Trump ao Oriente Médio diz que vai para Gaza inspecionar acordo

Steve Witkoff, enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Oriente Médio, disse…