A Ucrânia disparou mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia nesta quarta-feira (20), segundo relatos de correspondentes de guerra russos no Telegram e um oficial sob condição de anonimato.
Um porta-voz do Estado-maior da Ucrânia disse que não tinha essas informações no momento. A ação acontece um dia após o país disparar mísseis ATACMS, fabricados pelos EUA.
Moscou disse que o uso de armas ocidentais para atacar território russo longe da fronteira seria uma grande escalada no conflito.
Kiev afirma que precisa se defender atingindo bases russas usadas para a guerra, que entrou em seu milésimo dia esta semana.
Relatos de correspondentes de guerra russos no Telegram mostram imagens que, segundo eles, incluíam o som dos mísseis atingindo a região de Kursk. Pelo menos 14 grandes explosões podem ser ouvidas, a maioria delas precedidas por um som agudo do que parece ser um míssil se aproximando.
O canal pró-Rússia Two Majors Telegram alegou que a Ucrânia disparou até 12 Storm Shadows na região de Kursk, mostrando fotos de pedaços de mísseis com o nome Storm Shadow claramente visível.
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, informou que seu gabinete não comentará relatos ou questões operacionais.
Permissão para atacar a Rússia
O Reino Unido permitiu anteriormente que a Ucrânia use mísseis Storm Shadows dentro do território ucraniano.
O governo de Volodymyr Zelensky tem pressionado os aliados ocidentais para poder usar essas armas para atingir alvos no interior da Rússia. Ele conseguiu autorização do presidente dos EUA, Joe Biden, para usar os ATACMS nesta semana, dois meses antes de Biden deixar o cargo.
O presidente eleito Donald Trump disse que encerrará a guerra, mas não deu detalhes. Os lados em guerra interpretaram isso como um possível impulso para negociações de paz e estão tentando tomar uma posição forte antes das negociações.
Os Storm Shadows têm um alcance superior a 250 km e dariam à Ucrânia a capacidade de atingir alvos localizados mais no interior da Rússia.
Kiev diz que Moscou, que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, já havia aproveitado os limites no uso de armas, principalmente atacando cidades ucranianas com bombas guiadas pesadas.
Os países ocidentais ponderam que a chegada de mais de 10 mil tropas norte-coreanas para lutar pela Rússia nas últimas semanas foi uma escalada que merecia uma resposta.
Uso de mísseis dos EUA
O primeiro uso dos mísseis ATACMS, fabricados pelos EUA, na terça-feira (19), contra um arsenal russo na região de Bryansk provocou palavras firmes da Rússia, que anunciou uma mudança em sua doutrina nuclear para reduzir o “limite” para o uso desses armamentos.
Os Estados Unidos pontuaram que não veem necessidade de ajustar sua própria postura nuclear e acusaram a Rússia de adotar uma retórica irresponsável.
Analistas militares disseram que é improvável que os mísseis de longo alcance deem à Ucrânia uma vantagem decisiva na guerra, mas podem ajudar a fortalecer sua posição, especialmente na batalha na região russa de Kursk, que foi tomada em agosto.