A Venezuela chegou a um acordo com o Brasil sobre as embaixadas da Argentina e Peru em Caracas.
O governo de Nicolás Maduro expulsou as equipes diplomáticas de pelo menos sete países – incluindo Argentina e Peru – após acusações de fraude nas eleições presidenciais.
Por isso, os governos peruano e argentino solicitaram formalmente ao Itamaraty para que o Brasil assumisse o controle de suas respectivas embaixadas na capital venezuelana.
Nesta terça-feira (5), o chanceler de Maduro, Yvan Gil, publicou um comunicado nas redes sociais anunciando o acordo firmado com o governo brasileiro.
“O governo da Venezuela e o governo do Brasil, informam que chegaram a este acordo para que a guarda das instalações das Missões Diplomáticas Argentina e Peruana, incluindo seus bens e arquivos, bem como, a representação de seus interesses e seus nacionais em território venezuelano, serão representados a partir de 5 de agosto de 2024 pela Embaixada da República Federativa do Brasil em Caracas”, escreveu Gil.
#Comunicado 📢 El Gobierno de Venezuela y el Gobierno de Brasil, tienen a bien informar que han llegado al presente acuerdo para que la custodia de los locales de las Misiones Diplomáticas Argentina y de Perú, incluidos sus bienes y archivos, así como, la representación de sus… pic.twitter.com/kN752Ai9tq
— Yvan Gil (@yvangil) August 5, 2024
Brasil quer comissão de chanceleres para lidar com Venezuela
De acordo com apuração da âncora da CNN Tainá Falcão, a diplomacia brasileira negocia com o governo de Nicolás Maduro e com representantes da oposição venezuelana a possibilidade de criar uma comissão formada pelos chanceleres de Brasil, México e Colômbia.
A ideia é que o grupo – formado pelo brasileiro Mauro Vieira, pela mexicana Alicia Bárcena e pelo colombiano Luis Gilberto Murillo – possa intermediar discussões sobre o resultado eleitoral no país.
À CNN, diplomatas brasileiros reconhecem que a oposição, neste momento, sinaliza abertura para uma saída negociada.
Na avaliação desses diplomatas, ao agradecer ao Brasil pelos esforços em busca de uma solução para o impasse, Maria Corina Machado indica que há espaço para negociação.
Por outro lado, o governo brasileiro ainda precisa negociar com Maduro, que diz ter vencido as eleições, mesmo sem apresentar as atas eleitorais, uma semana depois de encerrada a disputa.
As conversas com o governo venezuelano incluem, também, militares altamente alinhados a Maduro. A cúpula das Forças Armadas no país afirmou “absotula lealdade” e “apoio incondicional” a Maduro.
A Guarda Nacional, responsável pela ordem pública na Venezuela, atua contra as manifestações da oposição. Onze pessoas foram mortas e mais de mil estão presas.
A CNN já havia informado que o Ministério das Relações Exteriores avalia a possibilidade de Mauro Vieira visitar a Venezuela. Fontes do Itamaraty consideram difícil o Brasil reconhecer Maduro como vencedor diante de uma checagem apenas pela Suprema Corte – estratégia de Maduro para obter reconhecimento.
Para fontes do Itamaraty, o Brasil deve insistir na negociação com a Venezuela e evita dar algum tipo “ultimato” a Maduro, o que a diplomacia entende ser uma espécie de atropelo de uma saída pacífica para a crise política.
Ao ser questionado sobre o assunto, em entrevista ao Bastidores CNN, o ex-chanceler e assessor internacional Celso Amorim desconversou e defendeu que o Brasil mantenha o diálogo com a Venezuela.
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