A Assembleia Nacional da Venezuela declarou nesta terça-feira (7) vários ex-presidentes latino-americanos como “persona non grata” devido à interferência nos assuntos venezuelanos.
“Se eles ousarem pisar com a sola do pé imundo no solo da República Bolivariana da Venezuela, eles devem ser tratados como invasores”, disse o presidente da Assembleia venezuelana, Jorge Rodriguez.
A assembleia aprovou por unanimidade a medida após declarações feitas pelos ex-líderes em apoio ao candidato da oposição Edmundo Gonzalez.
Rodriguez acusou os ex-presidentes de tentarem desestabilizar a Venezuela durante a próxima posse do presidente Nicolás Maduro.
Maduro deve assumir um terceiro mandato nesta sexta-feira (10) após uma contestada eleição no ano passado que a oposição afirma ter vencido de forma esmagadora.
Entre os declarados indesejados de Rodriguez estão Andres Pastrana da Colômbia e Felipe Calderon e Vicente Fox do México.
O presidente da Assembleia venezuelana ainda alegou que alguns dos ex-líderes estão ligados a crimes como tráfico de drogas e corrupção.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.
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