A Venezuela está investigando um suboficial da Gendarmeria da Argentina — uma das forças de segurança do país — por ligações com o terrorismo internacional, disse o procurador-geral Tarek Saab em um comunicado nesta sexta-feira (27).
Segundo a nota, Nahuel Agustín Gallo foi detido após tentar entrar irregularmente na Venezuela no início deste mês. O governo de Buenos Aires exigiu a libertação imediata do argentino.
Gallo está sob investigação “pela sua ligação a um grupo de pessoas que tentou, a partir do nosso território e com o apoio de grupos internacionais de extrema direita, realizar uma série de ações desestabilizadoras e terroristas”, afirmou Saab no comunicado.
A Argentina e a Venezuela têm relações tensas, com o presidente Javier Milei entrando frequentemente em conflito com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O governo Milei cortou relações com Caracas depois que Maduro foi declarado vencedor da eleição de julho, levando o Brasil a assumir a tutela da embaixada do país e da residência do embaixador.
Entenda a crise na Venezuela
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.
Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.
A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.
O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.
O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.
O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.
Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.