O governo da Venezuela quer relações “respeitosas” e “transparentes” com os Estados Unidos, disse o ministro do Interior, Justiça e Paz, Diosdado Cabello, na segunda-feira (20).
Cabello fez a declaração em uma entrevista coletiva realizada em Caracas após a posse de Donald Trump como presidente.
“O presidente [Nicolás Maduro] disse não sei quantas vezes: ‘respeito, respeito’. É tudo o que pedimos. Nós respeitamos todos, eles devem nos respeitar e teremos relações transparentes com quem quer que seja”, pontuou.
A relação entre os dois países é marcada por tensões desde 2001, quando o então presidente Hugo Chávez criticou a guerra iniciada pelos Estados Unidos no Iraque após os ataques terroristas de 11 de setembro daquele ano.
O último episódio desses desentendimentos de longa data ocorreu após as eleições presidenciais na Venezuela, em julho de 2024.
O governo do então presidente Joe Biden rejeitou a proclamação de vitória de Maduro devido à falta de resultados detalhados do pleito. Os Estados Unidos consideram o candidato da oposição Edmundo González Urrutia o verdadeiro vencedor das eleições e presidente eleito.
Após a posse de Maduro, os Estados Unidos aumentaram a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente e de Cabello para US$ 25 milhões, e mantiveram sanções econômicas contra diversas autoridades e empresas no país sul-americano.
Cabello argumentou que, para alcançar transparência nas negociações entre países, é necessário que não haja “intermediários”. Sem apresentar provas, ele acrescentou que em outros anos a mídia e os setores sociais intervieram na relação entre a Venezuela e os EUA.
A CNN entrou em contato com o Departamento de Estado dos EUA para comentar e aguarda resposta.
Sanções dos EUA à Venezuela
Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), os EUA impuseram sanções ao Banco Central da Venezuela e à PDVSA, a empresa petrolífera estatal, embora já aplicasse sanções contra alguns funcionários do governo chavista desde março de 2015, durante o governo de Barack Obama.
Os EUA desde então consideram a Venezuela uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional do país. Em março de 2024, o governo Biden renovou esse decreto por um ano.
Em 15 de janeiro, durante seu discurso anual à nação, Maduro culpou as sanções pela imigração na Venezuela, embora a queda da economia venezuelana tenha começado em 2013, dois anos antes das primeiras sanções.
Desde aquele ano e até 2021, segundo cálculos da CEPAL, a economia do país sul-americano caiu 75%. Segundo estimativas da ONU, 7,9 milhões de pessoas deixaram o país.