Na manhã desta sexta-feira (20), o vereador Pablo Pereira (UB) – candidato à reeleição neste ano, foi preso e afastado do cargo durante a Operação Gota d’Água, que investiga uma organização criminosa na Diretoria Comercial do DAE-VG (Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande).
Além do vereador, nove servidores do DAE e um servidor da Câmara foram alvos de mandados de prisão. Até o momento, 9 pessoas foram presas preventivamente e 2 são procuradas pela polícia.
Foram 123 mandados judiciais cumpridos, dentre prisões preventivas, 25 de busca e apreensão domiciliar, suspensão de função pública, sequestro de bens, bloqueio de valores e medidas cautelares diversas.
A principal medida é a determinação de intervenção imediata do município na Diretoria Comercial do DAE, para regularizar o serviço público de abastecimento de água e esgoto em Várzea Grande.
Corrupção política
Segundo a polícia, foram identificadas várias situações em que foi dificultado o acesso dos moradores à ligação de água, com problemas artificialmente criados, além da cobrança de propina.
As investigações também revelaram o aparelhamento da Diretoria Comercial do DAE para exploração política pelo vereador Pablo Pereira (UB), demonstrando a atuação ordenada de diversos servidores em favor da campanha à reeleição, com uso da estrutura pública da instituição.
O vereador, afastado do cargo, é indicado como líder da organização criminosa, e tinha como principal função, segundo a polícia, exercer pressão política para fazer valer os objetivos do grupo.
Ainda conforme as investigações, os crimes eram de conhecimento do chefe do setor, apontado como um dos líderes da organização criminosa.
Cobrança indevida
Conforme a polícia, a investigação identificou a cobrança de valores para a realização de serviços que deveriam serem feitos pelo DAE aos consumidores, e prejuízos para ao órgão devido à exclusão ilegal de débitos e também diminuição indevida de valores de faturas, tudo por meio do recebimento de dinheiro por servidores.
Em relação apenas às duas últimas espécies de fraudes, a estimativa é que, desde 2019, o poder publico tenha sofrido um prejuízo de aproximadamente R$ 11,3 milhões.
Durante a operação, 15 servidores da Diretoria Comercial do DAE foram afastados de suas funções, incluindo um servidor da Câmara de Vereadores da cidade e um funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços no órgão investigado.
Além disso, foram determinadas medidas cautelares contra 11 investigados, dentre eles sete servidores da Diretoria do DAE e um ex-servidor do setor.
As principais ordens são de proibição de manterem contato entre si e com os demais alvos da operação; acessar os prédios e dependências do órgão e manterem contato com testemunhas.
Também foi determinado o sequestro de seis imóveis e 26 veículos, além do bloqueio de valores das contas dos 22 investigados.
A Justiça também proibiu tanto o Poder Executivo de Várzea Grande quanto o Poder Legislativo do município de nomear ou contratar qualquer um dos investigados para exercer cargos na administração municipal.
As ações foram realizadas pela Deccor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção) e os mandados expedidos pelo Juízo do Nipo (Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá).
O outro lado
A defesa do vereador informou que ainda não teve acesso ao processo. Já a Câmara de Vereadores disse que uma busca e apreensão foi realizada no gabinete parlamentar, mas que ainda não foi notificada.
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