O presidente do Legislativo venezuelano e principal interlocutor do chavismo com o Brasil, Jorge Rodríguez, disse na última sexta-feira (25) que a oposição brasileira à entrada da Venezuela nos Brics, bloco de países emergentes, é “vergonhosa”, “grosseira” e “ofensiva”.
“É vergonhosa a posição que tiveram, os resquícios do bolsonarismo que encontramos no Palácio do Itamaraty na nossa irmã República do Brasil”, afirmou Rodríguez. “É ofensivo, grosseiro e uma posição submissa ter mantido uma atitude que não condiz nem com o clima, nem com o objetivo, nem com o princípio dessa reunião dos Brics”, complementou.
O governo venezuelano já tinha criticado, por meio de um comunicado publicado pela chancelaria, o que qualificou como um “veto” brasileiro.
“[É] Uma ação que constitui uma agressão à Venezuela e um gesto hostil que se soma à política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo valente e revolucionário, como o venezuelano”, diz o comunicado.
O Executivo chavista também havia comparado a postura brasileira a políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reconheceu Juan Guaidó como presidente da Venezuela e rompeu relações com Maduro.
O comunicado venezuelano, no entanto, não mencionou o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que representou pessoalmente o Brasil na cúpula dos Brics na Rússia, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O texto atribuiu a postura brasileira ao Itamaraty e apontou diretamente contra o secretário de Ásia e Pacífico da pasta e principal negociador do Brasil nos Brics, Eduardo Saboia.
Neste sábado, o procurador-geral do Ministério Público da Venezuela, Tarek William Saab, acusou Lula de mentir “para o Brasil e para o mundo todo”, sobre o acidente doméstico que sofreu e o impediu de participar da cúpula dos Brics, na Rússia, e disse que o presidente brasileiro deveria ser investigado.
Saab publicou um vídeo em seu primeiro ato público após o tombo no banheiro e afirmou que Lula reapareceu “sorridente e ileso”, o que para o procurador “deixa em evidência que utilizou o tal ‘acidente’ para mentir”.
“Fontes diretas e próximas do Brasil me informam que o presidente Lula da Silva manipulou um suposto acidente para usá-lo de coartada com o fim de não participar da recente Cúpula dos Brics”, escreveu o procurador-geral, afirmando que a “versão” do acidente que o impediu de viajar “não foi nada além de um engano para perpetrar o veto contra a Venezuela”.