Zezé Motta grava dois filmes em MT sobre líderes negras históricas

A atriz Zezé Motta, um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, vai protagonizar dois filmes gravados em Mato Grosso neste ano. Ela interpreta figuras históricas de resistência e luta do povo negro: Tereza de Benguela, em Vila Bela da Santíssima Trindade (a 520 km de Cuiabá), e Mãe Bonifácia, em Sorriso (a 397 km da capital).

Ícone da cultura afro-brasileira, Zezé Motta está à frente de dois projetos audiovisuais realizados em Mato Grosso com recursos da Lei Paulo Gustavo.

As produções homenageiam personagens femininas negras que marcaram a história do Brasil e que resistiram ao apagamento ao longo dos séculos.

Em Vila Bela da Santíssima Trindade, Zezé dá vida a Tereza de Benguela no filme “Somos Tereza”, uma produção que mistura documentário e ficção a partir do olhar das mulheres vilabelenses.

A narrativa propõe um reencontro com a memória e o imaginário popular em torno da líder quilombola, que comandou o Quilombo do Quariterê no século 18, após a morte do companheiro José Piolho.

Tereza liderou uma comunidade autônoma com organização própria, armas, defesa e até parlamento, resistindo ao regime escravocrata por décadas.

O filme está sendo gravado entre os dias 24 e 29 de março em locais como o Rio Guaporé, Cânion do Jatobá e as ruínas da Igreja Matriz.

Além de Zezé, o elenco conta com mulheres da própria comunidade, e a produção promoveu oficinas culturais para moradores da cidade antes do início das filmagens.

A direção é de Danielle Bertolini e Oz Ferreira, e a equipe é formada majoritariamente por mulheres mato-grossenses.

Já em Sorriso, Zezé será a protagonista do longa “Mãe Bonifácia”, que marca a primeira produção cinematográfica da cidade. A realização é da Produtora Artimagem, com direção de Salles Fernandes.

O filme também foi aprovado no edital da Secel-MT e conta com apoio da prefeitura local. A proposta é valorizar a representatividade negra e fortalecer o audiovisual regional.

A participação de Zezé Motta nos dois filmes ressalta a potência das histórias negras contadas por vozes negras — e o papel do cinema em reconectar o Brasil às suas raízes de luta, identidade e cultura.