Donald Trump ainda está a seis meses de distância do Salão Oval – se algum dia voltar lá.
Mas o candidato republicano voltou a causar terramotos geopolíticos. As preocupações dizem respeito a Taiwan e ao seu comentário numa nova entrevista à Bloomberg Businessweek de que a ilha democrática deveria pagar aos EUA por a defenderem da China.
“Não somos diferentes de uma seguradora. Taiwan não nos dá nada. Taiwan fica a 15.000 quilômetros de distância. Fica a 68 milhas da China. Uma pequena vantagem, e a China é um enorme pedaço de terra, eles poderiam simplesmente bombardeá-la”, disse Trump.
Os seus comentários, publicados durante a Convenção Nacional Republicana, imediatamente soaram alarmes sobre se ele abandonaria a política de ambiguidade estratégica que rege a forma como os EUA responderiam a uma invasão chinesa de Taiwan – que se destina a evitar tal ataque, mantendo Pequim na dúvida.
Mas isto também parece ser uma estratégia familiar de Trump – que ele usou no seu mandato presidencial para aumentar os gastos dos aliados dos EUA na Europa e na Ásia em defesa. Também sublinha a visão transacional que ele tem até dos pilares mais críticos da política externa americana.
Num artigo recente na revista Foreign Affairs, Robert O’Brien, antigo conselheiro de segurança nacional de Trump, que é cotado para um cargo importante num segundo mandato, condenou a pressão da China sobre Taiwan, mas apelou a Taipé para aumentar os gastos militares – muitos dos quais já vão para os fabricantes de armas dos EUA – e para expandir o recrutamento militar.
Trump está mostrando uma plataforma de evitar guerras estrangeiras, por isso não é surpreendente que haja dúvidas reais sobre se ele gastaria sangue e dinheiro dos EUA para defender Taiwan. Os seus comentários mostram que, se vencer em novembro, a política externa de Washington será mais uma vez ditada pelo que um presidente imprevisível pensa num determinado momento e a América voltará a ser uma força volátil no mundo.
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