Falas de mulheres são essenciais para combate ao feminicídio, diz psicóloga


Seis mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul apenas neste ano. O número se soma às centenas de mortes registradas desde a qualificação do crime e a implementação da Lei Maria da Penha no estado. Os casos evidenciam um único fato: ser mulher continua sendo o principal motivo de tantos assassinatos.

Diante desse cenário, o que a rede de proteção pode fazer para garantir a segurança das mulheres?

Zaira de Andrade, psicóloga e professora doutora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) participando ao vivo no MS1 desta segunda-feira (3), na TV Morena. (Foto: André Salles)

Para Zaira de Andrade, psicóloga e professora doutora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que pesquisa os aspectos históricos e psicossociais das relações de gênero, além da violência contra a mulher no trabalho e na sociedade, é fundamental dar credibilidade à fala das vítimas.

“Principalmente, qualificar a fala da mulher. O que ela está falando é o que ela está vivendo. Então, a desqualificação, e, principalmente, que a sociedade perceba que essa repetição é uma questão crônica que naturaliza essa violência. Então nós temos que ter políticas públicas, mas não só para atender essa mulher já no processo de violência, é o que acontece antes, desde a educação, valorizar e qualificar o discurso, a fala dessas mulheres.”

Zaira de Andrade, psicóloga e professora doutora da UFMS

Zaira trabalha com a psicologia social e com uma teoria que busca explicar os fenômenos psicossociais formados desde o processo de socialização de meninos e meninas.

“Toda a sociedade é influenciada por doutrinas, normas e padrões de comportamento para homens e mulheres. Isso acaba moldando nossa identidade de forma a reforçar a ideia de que ‘o homem tem o poder, é superior, e a mulher está subjugada’”, explica.

Como parte dos esforços para enfrentar esse problema, o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) deve instalar, na próxima sexta-feira (7), uma nova vara judicial dentro da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande. Será a quarta vara da violência doméstica e familiar contra a mulher no estado. O objetivo é dobrar a capacidade de processamento e concessão de medidas protetivas.

Feminicídio ocorreu na noite deste sábado, em Campo Grande
Local onde aconteceu o 6º feminicídio em Campo Grande; a vítima é Giseli Cristina Olikowiski, de 40 anos, morta pelo namorado, no dia 1 de março de 2025. (Foto: Ingrid Rocha)

Somente no ano passado, o tribunal concedeu cerca de 5 mil medidas protetivas, o equivalente a uma a cada duas horas.

Além disso, o Ministério das Mulheres anunciou a implementação de um sistema nacional de dados na Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. A partir deste mês, o sistema começará a coletar e organizar, de forma padronizada, os atendimentos realizados em todas as unidades do país, facilitando a comunicação entre elas. A tecnologia já está em fase de testes nas casas de Teresina (PI) e São Luís (MA).

Outra medida prevista é a avaliação, a partir de março, das regras e procedimentos de atendimento da Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande e em outras nove unidades espalhadas pelo país. A ação será conduzida pela ONU Mulheres.

A novidade atende a uma das demandas defendidas pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, durante sua visita a Campo Grande, poucos dias após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte.

Denuncie

⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:

  • 🚨Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
  • 🚨Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
  • 🚨Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.

Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.

Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!

Selo Basta
Basta, campanha contra violência doméstica e feminicídio do Primeira Página. (Foto: Ilustrativa)



Fonte do Texto

VEJA MAIS

Cinco homens são detidos por soltarem balões no interior de São Paulo

Cinco pessoas foram detidas no domingo (2) pela Guarda Civil Municipal por soltarem balões no…

Papa Francisco descansou durante a noite, diz Vaticano

O Papa Francisco, hospitalizado desde o dia 14 de fevereiro, dormiu a noite toda e…

Mapa: veja estados afetados pela poderosa onda de calor de março

O mês começou com a 5ª onda de calor atuando na região centro-sul do Brasil.…