A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Gisela Cardoso, determinou, nesta sexta-feira (11), a suspensão preventiva e cautelar do procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, investigado pela morte de Ney Muller Alves Pereira, um homem em situação de rua, ocorrida na noite de quarta-feira (9) em Cuiabá.
A decisão, considerada excepcional e baseada no Regimento Interno da OAB-MT devido à gravidade do caso, também instaurou medida cautelar de suspensão preventiva contra o procurador e determinou a imediata distribuição do processo ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-MT.
Segundo o delegado Edson Pick, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (11), Luiz Eduardo confessou ter matado Ney Muller com base nas características físicas repassadas por testemunhas, sem conhecer a vítima.
O crime ocorreu após o procurador, que jantava com a família em um posto de combustíveis, ter sido informado sobre um homem depredando veículos no local.
Após verificar danos em seu carro e levar a família para casa, Luiz Eduardo procurou a Polícia Militar, mas não obteve atendimento. Ao retornar, encontrou Ney e, segundo seu depoimento, o reconheceu pelas características descritas pelas testemunhas, efetuando o disparo fatal.
Imagens de câmeras de segurança mostram o procurador parando seu veículo e chamando Ney, que foi atingido por um tiro na cabeça ao se aproximar. Após o crime, Luiz Eduardo fugiu do local. (Veja o vídeo)
O procurador se apresentou à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no dia seguinte, confessou o crime e entregou a arma utilizada e o veículo envolvido. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e foi encaminhado à Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis.
A defesa, por sua vez, alega que o homicídio foi resultado de um encontro casual após um incidente no posto de gasolina, onde Ney teria danificado o carro do procurador.
O presidente da ALMT, deputado Max Russi, expressou indignação com o caso e prometeu que a Casa tomará “todas as providências” cabíveis.
Luiz Eduardo é procurador da ALMT desde 2015, com salário de R$ 44 mil mensais. Em 2023, ele e outros procuradores receberam o título de cidadão mato-grossense.
Quem era a vítima
A mãe de Ney Müller, Iracema Alves, afirmou que o filho era diagnosticado com esquizofrenia e contestou a versão apresentada pela defesa do procurador.

“Essa morte foi uma emboscada que ele armou para matar meu filho”, declarou Iracema ao Primeira Página. Ela contou que soube do assassinato por meio da filha, que viu a notícia em um telejornal local e entrou em contato.
Segundo a mãe, Ney levava uma vida normal quando estava medicado. Porém, no dia do crime, ele não havia tomado a medicação. Ela não quis informar o motivo da interrupção no tratamento.
“Ele era um doente mental. Quando tomava os remédios, andava bem vestido, cheiroso, tomava banho. Mas, quando surtava, ficava como estava naquele dia. Ele nunca foi abandonado, ele tinha família”, afirmou, emocionada.
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