Os atoleiros formados nas rodovias estaduais MT-322 e MT-175 estão causando transtornos aos motoristas e produtores rurais de Mato Grosso. No final de semana, chuvas intensas fizeram com que a água invadisse a MT-322, transformando-a em um lamaçal e impedindo o tráfego de veículos.
Motoristas chegaram a ficar ilhados, e diversas carretas e caminhões ficaram atolados, formando uma fila de aproximadamente 35 quilômetros.
A rodovia é uma das principais vias de escoamento da produção agrícola da região.
Neste momento, os produtores estão no meio da safra da soja e, em breve, darão início à colheita do arroz e, posteriormente, do milho.
O bloqueio da estrada e as condições precárias do trecho impactam diretamente no transporte dos grãos, gerando atrasos e prejuízos. (Confira o vídeo abaixo)
Motoristas enfrentam dificuldades
Enquanto isso, na MT-175, que liga Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, à Reserva do Cabaçal, a 412 km de Cuiabá, os 101 quilômetros sem pavimentação têm causado transtornos ainda maiores este ano, devido às chuvas intensas.
No início de março, cerca de 20 caminhões ficaram atolados no mesmo trecho, aumentando a preocupação dos produtores.

Luiz Arruda, um dos motoristas afetados pela situação, relatou o drama enfrentado na rodovia. “Falta ainda mais, quase uns 100 km para chegar até lá no final. Então, está feio e precário a situação aqui”, disse.
A produtora rural Meri Dal Castel confirmou a gravidade da situação: “Como esse ano é um ano atípico de muita chuva, a gente teve dificuldade com a estrada e deu uns pontos de atoleiro. Então, tá sendo um pouco mais difícil esse ano”.
Prejuízos no escoamento da produção
Além dos grãos, a pecuária e a produção de madeira de eucalipto também são afetadas pelo problema.

Mateus Dal Castel, outro produtor rural da região, destacou os prejuízos causados pela demora no transporte. “Levar o grão hoje com 20, 22. Está colhendo até com 35, deu 42 de umidade. Um caminhão fica atolado um dia no atoleiro, começa a arder tudo a carga. Aí chega no armazém e dá um desconto enorme”.
O produtor Valdir Soares, que trabalha com eucalipto às margens da rodovia, também sente os impactos: “Nós estamos com quatro caminhões trazendo madeira e dois quebraram em função de muito sacrifício na estrada. Basicamente deve dar uns 30% mais caro o frete com a situação assim”, disse.
Soluções em discussão

A Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) informou que 54 km da rodovia MT-175 serão asfaltados até o fim do primeiro semestre de 2024. No entanto, o trecho mais crítico de atoleiros não está incluído nessa etapa, o que preocupa produtores e motoristas que dependem da via para escoar a produção.
Especialistas destacam que a pavimentação da rodovia é essencial para a logística do estado, pois ligaria a região produtora do Chapadão dos Parecis ao município de Cáceres e ao projeto do Porto.
“A ligação asfáltica da MT-175 conectaria toda essa região de grande produção do Chapadão dos Parecis, incluindo vários municípios, com a região de Cáceres e o projeto do Porto. Existe um estudo da Pro Logística que indica que, num raio de 500 km ao redor do Porto, teríamos um terço da produção de grãos do Mato Grosso inteiro. Essa ligação aqui é a mais curta entre o Chapadão e o Porto. A importância logística é extraordinária”, comenta Lorenzo Tiso, tesoureiro da Associação Vale do Jauru.
Estudos da Pro Logística apontam que, num raio de 500 km ao redor do Porto, um terço da produção de grãos de Mato Grosso está concentrado, tornando a pavimentação uma das ligações mais curtas e estratégicas para o setor agropecuário.
As prefeituras de Tangará da Serra e Reserva do Cabaçal disponibilizaram maquinários para amenizar os trechos mais críticos, mas os produtores afirmam que a ajuda precisa ser mais ágil.
Edilson Sampaio, gerente operacional da Associação Rio Verde, também comentou sobre a mobilização para minimizar os impactos.
“Hoje tem ali na MT-358 uma pá carregadeira, uma escavadeira e uma patrola do município de Tangará da Serra, e Reserva do Cabaçal também já mandou uma escavadeira para nós, os produtores se organizando com o caminhão ali para a gente fazer essa arrancada, para terminar essa etapa aqui. Porque hoje com esse período tem muito pouco pode se fazer”, afirmou.
Mateus Dal Castel fez um apelo às autoridades: “Nós com 10 dias não temos nenhum pé de soja mais bom aqui, tá tudo podre. E não tem caminhão também. Então é um apelo que nós estamos fazendo”.
A indefinição sobre a pavimentação e a falta de infraestrutura adequada continuam sendo desafios para os produtores e transportadores da região. Sem uma solução efetiva, os prejuízos podem se estender para toda a cadeia produtiva do agronegócio mato-grossense.
A Sinfra-MT (Secretaria Estadual de Infraestrutura de Mato Grosso) foi procurada para comentar sobre a situação na MT-322, mas ainda não se pronunciou.
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